Quando abordamos sobre o papel do profissional de Capoeira dentro da escola, partimos do pressuposto de que tal atividade deva ser encarada como um adendo ao processo pedagógico da instituição, ou seja, algo que venha a agregar valor ao processo.
Nos últimos anos, tem-se evidenciado uma grande inserção da prática da Capoeira dentro da escola, principalmente a partir da década de 1960 (SILVA & HEINE, 2008). Mas este não é um fenômeno pertinente ao Brasil apenas; com o grande êxodo de profissionais de Capoeira para o exterior nos últimos anos, este fenômeno também tem se evidenciado em outros países, principalmente na Europa. Parece que também fora do Brasil tem-se valorizado muito esta arte como mais uma poderosa ferramenta didático-pedagógica utilizada pelas escolas.
No Brasil, a Capoeira é inserida dentro das escolas de diferentes formas: Ora inserida dentro da grade curricular da instituição, principalmente na Educação Infantil, devido à sua maior flexibilidade na abordagem de conteúdos, sendo oferecida muitas vezes no intuito de suprir a falta de Educação Física formal pela qual as crianças são submetidas, assim como ocorre com outras modalidades, como a dança, o judô, o futsal, dentre outras.
Outras vezes, a Capoeira é trabalhada como conteúdo em aulas de Educação Física, ministrada pelo professor docente que detenha algum conhecimento pertinente à arte.
Mas na maioria das vezes, a Capoeira é oferecida como atividade extra curricular, desenvolvida no contraturno escolar, ou após o período letivo, como oficina esportiva. Neste caso, o profissional muitas vezes apenas utiliza o espaço físico da escola, e da estrutura física da escola para conseguir alunos e divulgar seu trabalho, atuando na maioria das vezes de maneira alheia ao processo político-pedagógico da escola, o que deixa de ser interessante tanto para a instituição, quanto para os alunos e corpo docente, uma vez que pouco eles acabam aproveitando desta modalidade que é desenvolvida dentro dos limites da instituição.
Para um melhor aproveitamento do trabalho como um todo, faz-se necessário que o profissional entenda a grande diferença que existe entre a Capoeira na escola, e a Capoeira da escola!
Ainda de acordo com Silva & Heine (2008), a Capoeira na escola pode ser entendida como uma prática esportiva desenvolvida dentro do espaço físico da escola, cujo objetivo na maioria das vezes independe do projeto político-pedagógico da escola, ou seja, a Capoeira é levada ao âmbito escolar da mesma maneira em que é desenvolvida dentro de academias, clubes, etc., pouco interagindo verdadeiramente com a instituição e seu processo pedagógico.
Já a Capoeira da escola seria aquela que está realmente integrada a todo o processo escolar, caminhando paralelamente, alçando voos além das aulas propriamente ditas, interagindo com a escola, promovendo a interdisciplinaridade, dentre outras atividades; este segundo é o perfil que deve ter a Capoeira dentro da escola, desde a Educação Infantil, cabendo ao profissional a responsabilidade de ser o mediador e facilitador deste processo.
Texto extraído da obra Aspectos Pedagógicos da Capoeira, de autoria do prof. Fábio André Castilha.
Saiba mais sobre a obra em https://www.capoeirapedagogica.com.br/livro/